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Trajetória
Liguei-me à antropologia no fim dos anos 1950, enquanto cursava geografia na Faculdade Fluminense de Filosofia. Em 1960, participei do primeiro curso de especialização em Antropologia Social ministrado por Roberto Cardoso de Oliveira no Museu Nacional da UFRJ. Em 1962, com bolsa norte-americana, ingressei na Universidade de Wisconsin, Estados Unidos, onde concluí o Mestrado (1965), com dissertação sobre uma comunidade de pescadores no Rio de Janeiro, e o Doutorado (1972), com tese sobre os Sanumá, subgrupo Yanomami no extremo norte do Brasil. Lecionei no PPGAS do Museu Nacional (1971-72) antes de vir para Brasília, em setembro de 1972, juntando-me aos colegas que inauguravam o Mestrado em Antropologia Social na Universidade de Brasília. Na UnB, continuei a pesquisa etnográfica com os Sanumá, ministrei disciplinas na graduação e pós-graduação, mesmo depois de me aposentar em 2004; repetidas vezes fui coordenadora do PPGAS e chefe de departamento do DAN; engajei-me na luta pelos direitos indígenas, redigi textos que subsidiaram a criação da Terra Indígena Yanomami e orientaram juízes federais e parlamentares contra ações e projetos de lei nocivos aos povos indígenas; participei de cursos de extensão, por exemplo, para a formação de indigenistas da Funai. Bolsista 1-A de produtividade do CNPq desde 1994.
Pesquisa
Agraciada com uma bolsa de produtividade Sênior do CNPq (2020-2025), desenvolvo o projeto “Realidades Indígenas, utopias brancas”, enfatizando aspectos cruciais das sociedades indígenas, no Brasil e no mundo, que contrastam flagrantemente com a vocação expansionista e predadora de orientação capitalista. Toma por base etnografias sobre povos não ocidentais para analisar os efeitos da ideologia do progresso infinito num planeta finito e seus efeitos que vêm aviltando o planeta. Examina também a apropriação frequentemente equivocada de conceitos indígenas centrais, como Sumak Kawsay, simploriamente traduzido como “bem-viver”.
Vários outros projetos estão em curso: 1) Co-organização da coletânea resultante do Seminário Internacional sobre Genocídio Indígena que organizei com recursos da Fundação Ford sob a égide do LINDE (Laboratório de Indigenismo e Etnografia) e apoio da ABA, na Universidade de Brasília em setembro de 2019. Contribuem para o volume pensadores indígenas e não indígenas da Argentina, Brasil e Colômbia, países objeto de projetos anteriores de produtividade. 2) Co-organização de volume comemorativo dos 30 anos da criação oficial da Terra Indígena Yanomami sob os auspícios do Instituto Socioambiental, vinculado à Rede Pró-Yanomami/Ye’kwana da qual faço parte. 3) Membro do projeto digital “Pathways for World Anthropological Futures”, organizado por Gustavo Ribeiro e desenvolvido pela Wenner-Gren Foundation.
Principais Obras
Artigos e capítulos
Todos os artigos e capítulos estão listados na Plataforma Lattes. A quase totalidade pode ser encontrada no site Academia.edu. Dentre eles, menciono por ordem cronológica:
Ethnology Brazilian Style. Cultural Anthropology 1990 5(4): 452-472.
The Hyperreal Indian. Critique of Anthropology 1994 14(2): 153-171.
Anthropologist as political actor. Journal of Latin American Anthropology 1999-2000 4(2)/5(1): 172-189.
The politics of perspectivism. Annual Review of Anthropology 2012.41:481–94.
Por una crítica indígena de la razón antropológica. 2018. Anales de Antropología 52(1): 59-66
Livros
1980 – Hierarquia e Simbiose: Relações intertribais no Brasil. São Paulo: Hucitec.
2001 [1986] – Sociedades Indígenas. São Paulo: Ática (5ª ed.).
1990 – Memórias Sanumá: Espaço e tempo em uma sociedade Yanomami. São Paulo: Marco Zero.
1995 – Sanumá Memories: Yanomami ethnography in times of crisis. Madison: University of Wisconsin Press.
1998 – Indigenism: Ethnic politics in Brazil. Madison: University of Wisconsin Press.
2012 – (org.) Constituições nacionais e povos indígenas. Belo Horizonte: Editora ufmg.
2014 – (comp.) Constituciones nacionales y pueblos indígenas. Popayán: Universidad del Cauca.
Orientações
Na fase inicial do PPGAS, orientei a dissertação de mestrado de Mariza Peirano (1975), atualmente professora emérita da UnB. Nos anos 1990, ainda no Mestrado: Nei Clara de Lima (1990), docente da UFG; Paulo Nery (1990), docente da UFU; Patrícia de Mendonça Rodrigues (1993), pesquisadora independente; Maria Inês Smiljanic Borges (1995). Anos 2000: Karenina Andrade (2001), Silvia Guimarães (2001), Julio Cesar Borges (2004), †Thiago Ávila (2004), Luis Cayón (2005). No Doutorado: José Luis Grosso (1999), docente da Universidade de Catamarca, Argentina; Maria Inês Smiljanic Borges (1999), da UFPr; José Pimenta (2002), do PPGAS, UnB; Carmen Lucia da Silva (2003), te da UFMT; Silvia Guimarães (2005), do PPGAS, UnB; (2009); Giovana Tempesta (2009) e Gustavo Menezes (2010), pesquisadores da FUNAI; Luis Cayón (2010), do PPGAS, UnB. Com a decisão do Colegiado do DAN de impedir que docentes aposentados orientem pós-graduandos, passei a ser co-orientadora. Emerson Almeida, docente da UFM, obteve seu grau de Doutor sob minha co-orientação em 2019. Atualmente, co-oriento os doutorandos Felipe Cruz e Maryelle Ferreira da UnB, e Tamara Miranda da PUC-SP. Outros estudantes têm manifestado interesse na minha co-orientação e um doutor, num pós-doutorado supervisionado por mim. Mantenho esse compromisso com o PPGAS e com o DAN.