Laboratórios de Pesquisa
T/TERRA
T/TERRA - Laboratório de antropologias da T/TERRA
O objetivo primeiro do T/terra é ser um espaço para a fertilização mútua entre pesquisas que descrevem como diferentes pessoas e coletivos constituem as terras em que vivem, a partir das suas próprias práticas de conhecimento e ao longo de suas histórias específicas, bem como os processos de tradução dessas práticas na interação com outras agências, no contexto da presente (e persistente) ofensiva sobre as terras e vidas que não se deixam definir pela lógica colonial do Estado ou do capital. No horizonte dessa proposta está também o aprofundamento de um diálogo entre antropologia e direito, especialmente no que tange aos debates sobre direito territorial diferenciado que escapam às ideias comuns de posse e propriedade. Mas há outras conexões.
A criação do T/terra visa fortalecer convergências de diferentes interesses e práticas de pesquisa — mas também de ensino e extensão — que vêm emergindo recentemente e que — operando em um campo multidisciplinar e transdisciplinar — incidem ao mesmo tempo sobre dimensões epistemológicas, políticas, metodológicas e pedagógicas. Queremos estabelecer conexões transversais aos campos convencionalmente constituídos no interior da antropologia enquanto disciplina, das ciências sociais e das humanidades como áreas, assim como da universidade enquanto instituição. Sediado no PPGAS/UnB, o T/terra reúne professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação do DAN e de outras unidades da UnB, assim como de outras universidades e instituições, associados ao Grupo de Pesquisa Antropologias da T/terra e identificados com seu programa e linhas de pesquisa. Nossa intenção é atravessar ainda certas fronteiras insistentes, questionando as demarcações que dificultam a plena integração do ensino, pesquisa e extensão, da graduação e da pós-graduação, e, sobretudo, a integração da universidade com outros espaços de produção de conhecimento, abrindo-se o laboratório à participação plena de pesquisadores, pensadores, mestres e conhecedores externos à academia. O plural antropologiaS sinaliza assim a expectativa de fazer se cruzarem aqui diferentes “antropologias” (incluindo discursos e práticas que não se reconheceriam sob este rótulo). Queremos criar conexões através das fronteiras, conexões que possam contribuir para a criação de novos territórios — conceituais, políticos, existenciais.
T/terra: nos agarramos ao termo num movimento que se pretende tático (a intenção não é legislar em matéria de vocabulário conceitual). Queremos recuperá-lo por sua capacidade de fazer aparecer diferenças que possam fazer uma diferença nos embates em curso sobre as T/terras — que possam sugerir e facilitar aquelas novas conexões. Quanto à grafia, a dupla inicial não pretende estabilizar uma dualidade específica qualquer — nenhuma oposição. Trata-se de um simples lembrete da ‘polissemia’ do termo, de seu potencial de equivocação, dos espaços ou vãos que pode abrir para encontros — e desencontros — entre diferentes mundos. A alternativa ou alternância T/t quer sinalizar tanto os significados contidos no termo quanto aqueles incontidos, obrigando ao seu transbordamento: planeta/solo, globo/superfície, concebido/vivido, continente/conteúdo, ego/oikos, cosmologia/economia, etc. O que está em jogo nesse artifício não são portanto apenas as potências de uma palavra, mas todas as outras palavras que ela evoca.